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Direitos Humanos

União dos Povos Indígenas do Javari homenageia Bruno e Dom Phillips

Em manifesto, entidades pedem ações urgentes em defesa da floresta
Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 05/06/2025 - 17:02
São Luís
Banner Bruno e Dom
© Arte/Agência Brasil

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) homenageou, nesta quinta-feira (5), a memória do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, assassinados há dois anos na Terra Indígena (TI) Vale do Javari, na região amazônica. Na cerimônia, foi também lançado um manifesto, assinado pela Univaja e mais 49 entidades, cobrando ações urgentes para proteção dos “guardiões da floresta”.

“Hoje neste 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, três anos após a tragédia no Vale do Javari, não lembramos apenas dois nomes – lembramos de uma causa. De uma promessa: a de que a floresta ficará de pé. De que os povos indígenas viverão com dignidade, respeito e liberdade”, diz trecho do manifesto.

“Bruno e Dom estão presentes em cada palavra livre, em cada reportagem corajosa, em cada ato de resistência, em cada defesa da democracia, dos direitos humanos, da liberdade de imprensa”, diz outro trecho do documento.

O manifesto lembra ainda outros defensores do meio ambiente que foram assassinados como Maxciel Pereira dos Santos, Ari Uru-Eu-Wau-Wau, Dorothy Stang, Chico Mendes, Emyra Wajãpi e Mãe Bernadete, e enfatiza a necessidade de mais ações para proteção dos povos da floresta, especialmente no contexto da realização da COP 30, a conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, marcada para novembro, em Belém.

“Hoje os recordamos com dor, mas também com orgulho, porque o que eles fizeram não foi em vão”, finaliza o manifesto.

A homenagem ocorreu durante o 2° Intercâmbio entre Coletivos Indígenas de Vigilância e Monitoramento para Proteção dos Povos Isolados da Amazônia Brasileira na aldeia Massapê, na TI Vale do Javari, que fica entre os municípios de Guajará e Atalaia do Norte, no Amazonas.

Bruno e Dom desapareceram após ar pela comunidade de São Rafael e nunca mais foram vistos com vida. Eles foram mortos por sua atuação na defesa dos povos da floresta e por contrariar os interesses da pesca ilegal na região, ao promover a educação ambiental em comunidades indígenas.

Denúncia

Nesta quinta-feira, o Ministério Público Federal (MPF) apresentou denúncia contra o indiciado como mandante do crime, Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como Colômbia.

A denúncia foi apresentada ao juízo da subseção judiciária federal de Tabatinga (AM) pelo procurador da República Guilherme Diego Rodrigues Leal, com auxílio do Grupo de Apoio ao Tribunal do Júri.

Alvo da denúncia, Colômbia, que na verdade é peruano, já havia sido indiciado pela Polícia Federal (PF) como mandante do crime, em novembro do ano ado. Ele está preso preventivamente.

Segundo as investigações, Colômbia é suspeito de atuar no tráfico de drogas e de chefiar uma quadrilha de pesca ilegal atuante no Vale do Javari, que fica na região de fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. Ele responde também a processos por tráfico, pesca ilegal e uso de documento falso.

Colômbia foi preso pela primeira vez ao apresentar documento falso na sede da PF em Tabatinga, em junho de 2022, onde compareceu para negar participação no crime. O suspeito acabaria solto provisoriamente, mas voltou a ser preso por descumprir medidas cautelares.